Dados divulgados pela FGV também indicam quais produtos mais contribuíram para a inflação
Medido pela FGV (Fundação Getulio Vargas), o IPC-Regional (Índice de Preços ao Consumidor Regional), registrou níveis de inflação mais elevados nas regiões Norte e Nordeste para os consumidores de renda mais baixa, a faixa de pessoas que recebem até um salário mínimo e meio. Na região Norte, o acumulado até março de 2023, período que fecha os 12 meses, ficou em 4,7%. O anúncio foi feito na última terça-feira (9).
O IPC-Regional mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços que compõem as despesas habituais de famílias com nível de renda situado entre um e 33 salários mínimos por mês.
A região Norte também foi a única na qual a inflação para as famílias com rendas menores ultrapassou o aumento de preços para as que têm vencimentos mais altos. Ou seja, com renda maior que 11,5 salários mínimos. Para essas famílias a inflação foi de 4,14%.
Já na região Nordeste, a inflação às famílias com renda baixa ficou em 4,57%, pouco inferior aos 4,7% das famílias com ganhos mais altos. Mesmo assim, o aumento de preços para as famílias com vencimentos mais baixos no Nordeste ficou acima do observado para a faixa de famílias de baixa renda tanto no Sudeste, que foi de 3,03%, quanto na Sul, que marcou 3,12%; e Centro-Oeste, que apresentou 2,24%. Nessas regiões, as taxas para quem tem renda mais elevada ficaram em 4,05% para a Sudeste; 4,41% para a Sul; e 3,23% para a Centro-Oeste.
A FGV também divulgou na última terça-feira pela primeira vez pesquisa que indica quais produtos mais contribuíram para a inflação da camada das famílias com baixa renda e também as de renda mais alta, no acumulado entre janeiro de 2020 e março de 2023.
PESARAM NO BOLSO
De acordo com o levantamento da fundação, tarifa de energia elétrica residencial, pão francês, aluguel e o botijão de gás foram os produtos que mais contribuíram com o aumento de preços no Nordeste no período de três anos e três meses. Arroz, cebola, frango e tomate também aparecem nessa lista.
Para as famílias que têm renda alta, os produtos que mais pesaram no bolso do consumidor na região foram automóveisl, gasolina, plano de saúde e passagens aéreas. “É bem diferente com a inflação dos últimos três anos afetou famílias ricas e pobres no Nordeste”, disse ao portal da FGV André Braz, coordenador de índices de preços da fundação.
Na região Norte, aumento no preço do frango inteiro, gás de botijão, conta de energia elétrica residencial e farinha de mandioca foram os produtos que mais impactaram a inflação para as famílias de baixa renda. Pão francês, sanduíches, carne moída e polpa de fruta também constam na lista.
As famílias com ganhos mais altos sentiram mais impacto nos preços de licenciamento de veículos e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), veículos novos e material para reparos residenciais.
Alimentos também figuram com maior impacto para as famílias de renda baixa nas outras regiões. Conta de energia elétrica, gás de cozinha e aluguel residencial também constam na relação. Os mais endinheirados sentiram mais em planos de saúde, gasolina, veículos novos, IPVA e comer fora da residência.