Em média, 40% das dívidas das empresas de energia são atreladas à taxa básica de juros
O Copom (Comitê de Política Monetária), órgão ligado ao BC (Banco Central), determina a cada seis meses a política de juros da economia brasileira. O instrumento utilizado pela instituição nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e também como referência para as demais tarifas aplicadas na economia do País é a Selic.
A Selic é o principal instrumento do BC para tentar manter sob controle a inflação brasileira, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que no último mês de junho havia fechado em 0,08% negativo e acumula 3,16% em 12 meses.
Como a Selic é principal taxa de juros do País, tanto as altas quanto as quedas afetam a vida financeira de toda a população, causando impactos negativos ou positivos no consumo das famílias, no acesso ao crédito e também nos indicadores da economia nacional
As consequências da alta imposta pelo BC à Selic são sentidas no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia, entre outros fatores. Isso porque quando a taxa se mantém em níveis elevados por muito tempo, o nível da atividade econômica é afetado.
Ou seja, a taxa elevada inibe o crédito e afeta o consumo, provocando impactos na produção – o que resulta em piora dos índices de desemprego, entre outros malefícios. Já com taxa mais baixa o crédito tem tendência de ficar mais barato, o que cria incentivo ao consumo e à produção, estimulando a atividade econômica.
Na última reunião, ocorrida entre os dias 1º e 2 de agosto, o Copom cortou em 0,5 ponto percentual a Selic, baixando de 13,75%, patamar que se mantinha desde agosto de 2022, para 13,25% ao ano. Foi o primeiro corte desde então.
Como houve o anúncio do BC de quedas seguidas na Selic nas próximas reuniões, há, também, estímulo às pessoas físicas e empresas a despenderem maior volume de capital em compras de bens e também de serviços. A consequente melhora da economia faz com que melhore também os resultados das empresa.
Um dos segmentos que podem se beneficiar da queda dos juros é o setor de energia. De acordo com especialistas da área, esse ramo tem, em média, 40% de suas dívidas atreladas à Selic. Essas empresas normalmente operam com alavancagem alta, entre duas e quatro vezes o Ebitda, um dos indicadores usados para medir os resultados da empresa. Essas empresas fazem captação de recursos por meio de dívida para financiar a construção de empreendimentos ou a compra de outras companhias, e a quitação vai acontecendo via geração de caixa dos próprios ativos.
Entre essas empresas, destaque para Copel (Companhia Paranaense de Energia), que tem sede em Curitiba, no Paraná; Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais); AES Tietê, que opera principalmente no Estado de São Paulo; e Equatorial, com foco em geração, distribuição e transmissão de energia, mas que também atua no ramo de telecomunicações; além de Taesa (Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A), que tem sede no Rio de Janeiro, CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), com sede em São Paulo.